terça-feira, 4 de novembro de 2008

Bichos, Monstros e Horrores




















À excepção da Barata, perfeitamente reconhecível, algum entomologista me explica que “bichos” são estes que vos mostro? Com o zoom assemelham-se a seres espaciais. De um mundo surreal, com longas antenas e múltiplas patas, asas repentinas, cores refulgentes…a arrepiar-me num nojo, certamente recíproco.
Vivem comigo em casa, no tecto e nas paredes. Dentro e fora. Reconheço o gafanhoto que me fascina, a salamandra que me enternece, o lagarto que me faz rir.
Não consigo fotografar as moscas que me inspiram neuras e instintos assassinos, umas pequeninas e outras cavalares a exibir o seu flamejante verde e o seu rotundo castanho.
Entram pelas janelas abertas porque uma casa sem persianas atabafa com o sol invasor desde a aurora.
Escancaramos as portas e algumas janelas e depois arcamos com as consequências: a de eu dar em serial killer de moscas e mosquitos (pior que o “mata-sete de uma vez”) e chamar um dos homens da casa para dar cabo das baratas. Pois, não temos redes. Pois, detesto baratas mesmo quando elas na agonia se rebolam para cima, estremecendo as tenazes. Por outro lado, fico cheia de pena de as exterminar e custa-me assistir ao sofrimento que causei em cumplicidade. Juro que ouvi uma barata “chorar” e padeci.
As baratas são um animal pré-histórico, o único que resiste a uma bomba atómica, rastejam nos canos, sobretudo os da cozinha e da casa-de-banho, alimentando-se dos nossos restos e das gorduras.
Qualquer desinfestação é complicada, pois apenas se matam os adultos e as crias; permanecem os ninhos…e nascem de novo. O risco: contaminação com febre tifóide uma vez que compartilham com os ratos o mesmo meio-ambiente.
Matar qualquer ser vivo dá mau karma. Existe mesmo uma seita indiana cujos membros se movimentam vagarosamente, numa lentidão exasperante para não pisar nem sequer uma formiga.
Então deixem as moscas pousar incessantemente nos braços, nos cabelos, nas orelhas, nos olhos, nas narinas, no pescoço, nas costas, nas pernas, por baixo da roupa….deixem também os mosquitos picar-nos à vontade e as baratas morder-nos. Extremamente desagradável sobretudo quando queremos concentrar-nos num trabalho e dormir a sono solto e não desejamos adoecer, por exemplo com o famigerado paludismo! Cansa, exaspera…
Agora compreendo porque é que uma amiga da minha avó materna, quando vivia em Moçambique, engoliu sem querer uma mosca. Se não estivermos atentos…São tantas e muito agressivas!
Depois da chuva abunda a vida desta fauna com novos rastejantes e voadores e saltitões.
A minha colcha branca, à noite, fica preta dos mosquitos pequeninos que caiem, fora outros insectos turbulentos, nomeadamente os carochos, as borboletas de traça, as libélulas e os de estado híbrido como as formigas com asas. O meu sentido do tacto está apuradíssimo e mesmo quando é apenas um fio de cabelo a tanger a minha pele eu agito-me toda para impedir a suculência de algum irritante monstro.

2 comentários:

Anónimo disse...

Heia. Tanta bicharada.
E ainda por cima, aí, as baratas voam! E são grandes!
Não mates ou afugentes as osgas:
comem os insectos.
Em Luanda eram bancas.
São as osgas da minha meninice.
No puto, continuei a tratar bem estes bichos.
Cheguei a ter uma de estimação, sem rabo, coitada; e muito preta.
bj
João

Hugo Rebelo disse...

interessante!. Por cá não há tantos. Gostei muito deste espaço.

saudações

http:\\coresemtonsdecinza.blogspot.com