quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Almoço no Chioco


Chioco é uma zona nos arredores da cidade do Lubango, a caminho do aeroporto, que até há pouco tempo estava coberto de mato. Hoje começam a implantar-se os musseques e as pequenas quintas com jardim de flores e árvores e arbustos de fruto, vinha, piscina.
Resulta da cobiça e oportunismo de negócio de alguns perante o estímulo do Governo em enraizar pessoas fora de Luanda estrangulada na sua densidade assimétrica.
Se alguém quiser alugar ou comprar uma casa para viver, vê-se diante de um projecto complicado: é preciso pagar um ano inteiro de renda, ou um mínimo de 6 meses, o que é incomportável.
As pessoas, de modo geral, preferem esperar e reunir pecúlio para comprar um terreno onde possam construir. E fica mais barato. Porque primeiro compram o solo, depois constróiem o anexo, onde vivem para, de perto, acompanhar a construção do resto do edifício, a sua casa de sonho.
Estar perto ajuda a controlar a obra e afeiçoa-a ao gosto do momento. E há tanto para criar, planear….
Foi no Chioco que almocei este domingo, com filho de pai colono e mãe africana, ele escritor a oferecer-nos os seus opúsculos. Lembrou-me o meu pai…esta terra tem uma seiva qualquer que alimenta prosadores e poetas.
Deslumbra os sentidos.
Degustei peixe, galinha e bife grelhado nas brasas de um pequeno assador. Acompanhamentos: kisaka (folhas de mandioca cozidas e temperadas com óleo de palma, cebola, alho, sal), arroz de legumes, quiabos refogados….hmmmmm….e muita Ngola (cerveja) e gasosa (sprite) e vinho português.
Conversa tão abundante quanto a comida com desfecho numa espécie de creme de morangos, com estes inteiros.
Lubango é famosa pelos seus «fabulosos morangos», mas estes ainda não se manifestaram plenamente deliciosos. Dizem que a época da fruta é só lá para Dezembro com uma profusão de formatos, texturas, paladares. Por enquanto, só vemos da importada nos supermercados e, na rua, a amassada pelo sol provavelmente oriunda de alguma horta regada por água barrenta, imprópria para consumo.

Sem comentários: