domingo, 26 de outubro de 2008

Hospitalidade no Falcons do Lubango



A caminho da Nossa Senhora do Monte fica este espaço hoteleiro com bungalows e um restaurante ao ar livre. Foi lá que ficámos quando chegámos no primeiro dia. A minha memória dessa experiência eclipsou-se porque entrei em estado de choque. Ao ver alguém a oferecer-nos o que não tinha para não nos deixarem apeados. De madrugada, as mulheres varreram o chão de um bungalow em obras, lavaram-no do pó acumulado e com uns paninhos ensopados, tentaram arrastá-lo com os pés, absorver a água com que «varreram» o solo. De madrugada. Para que pudéssemos dormir nuns colchões emprestados por cima do chão.
É a única lembrança que eu tenho.
Depois, acordei no dia a seguir ao seguinte, já na casa-clausura, com um lapso de memória. Não me lembro de nada do que fiz nesse dia que se apagou.
Já lá voltei para um jantar com música ao vivo, mas é escusado: um vazio, um buraco, um nada.
Foi no Falcons que, pela primeira vez, saboreei os famosos enchidos da região. Eu que não aprecio por aí além chouriços, salpicões e morcelas, adorei os que nos chegaram à mesa assados na brasa. Os sucos a preencher todo o côncavo da boca e garganta e a viciarem-nos para uma repetição.
Só aqui me apetece comprá-los e levar para ofertas de Natal para que possam compartilhar deste sabor jubiloso.
Chouriços e morangos fazem parte do cabaz do visitante do Lubango. Dos primeiros já comprovei a fama, só falta atestar a reputação dos morangos, pois até agora só encontrei dos ácidos ou dos moderadamente doces. Nada de esfuziante, não será a época deles.

2 comentários:

Anónimo disse...

É muito bom tê-la descoberto. Virei aqui muitas vezes. Respirar de novo o ar de África através dos seus escritos. Um bálsamo. Muito obrigada.

Maria Ana

Shadydreams disse...

Obrigada Maria Ana pelo seu comentário. Espero que também se amenize pelas fotos que finalmente consegui pôr. São vislumbres emotivos.