terça-feira, 14 de outubro de 2008

Rotinas e Ritmos






Quando me diziam que em África se acordava a horas que na «Metrópole» são consideradas de madrugada, eu achava que esse despertar era um sacrifício em prol do cumprimento de um dia de trabalho.
Mas que nada.
É um prazer abrir os olhos às 6h da manhã, ou antes, num quarto inundado de luz porque não há persianas e a primeira paisagem que se vê é a serra onde se encastoa a estátua do Cristo-Rei. Tive sorte com a minha linha do horizonte. Não sei se, em termos geomânticos, estou bem deitada, com a cabeceira para a parede e os pés para essa obra sacra, mas levanto-me sempre deliciada.
Corro para a casa-de-banho para tomar um banho rápido a temperar constantemente as temperaturas, porque a água corre sem força e quando há um rival noutro chuveiro, ela bate repentinamente fria ou subitamente quente. Normalmente, rivalizo no momento do banho com o Condutor. Somos os que acordamos mais cedo neste casarão.
Depois, das 8h e pouco até às 10h trabalho com vontade ao computador. Para lá das 10h já custa: o corpo queixa-se da imobilidade desconfortável e nada ergonomónica e do calor que se instila pela cozinha até então fresquinha.
Não adianta fugir para outros compartimentos. Sufoca-se de calor nas outras divisões também porque não há resguardo nas janelas. Estamos desvendados aos vizinhos e aos transeuntes. É o nosso aquário.
Começam a acordar os outros, a levantar-se e a partilhar este tampo de mármore. A concentração dissipa-se.

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